quarta-feira, 22 de julho de 2009

Rio de Janeiro, 01 de julho de 2009

O texto aqui analisado: Os problemas cognitivos na construção da representação escrita da linguagem de Emilia Ferreiro, aborda uma questão bastante complexa no meio lingüístico: os processos na aquisição da leitura e da escrita. A autora fala ainda da importância que a teoria de Piaget teve na construção da sua linha de pensamento e do seu trabalho.

Nós que convivemos nesse meio da educação, sempre ouvimos falar sobre a importância da leitura que a criança faz do mundo para o seu desenvolvimento escolar como, por exemplo, a internalização de diferentes linguagens sejam elas visuais (a interpretação de uma figura, por exemplo) ou, seja ela não-visual (reconhecimento das possíveis produções escrita pelo homem). Gostaria de citar como exemplo, a experiência que tive no meu primeiro e último estágio numa turma de pré-escola onde a idade das crianças variava de 5 a 6 anos. Uma aluna brincava com seus colegas de classe de casinha e havia pai, mãe, filho, enfim, papéis essenciais para a existência de uma família. Sendo ela, uma parte integrante daquela “instituição familiar”, estava contribuindo com as tarefas fazendo uma “lista de compras”. Ela ainda não sabia como uma lista era organizada, um item abaixo do outro e, mesmo assim, com tentativas de construir uma escrita produzia o seu trabalho. Com esta experiência pude refletir um pouco mais sobre a importância que a instituição familiar e que o ambiente social tem sobre o desenvolvimento cognitivo da criança, fornecendo á ela as diferentes linguagens existentes numa determinada sociedade e mostrando que a linguagem escrita exerce uma função social para o homem. Devemos sempre orientar nossos alunos para uma sistematização do conhecimento prévio a escola, fazendo com que eles observem de uma forma tematizada tudo o que eles trazem consigo para o seu processo de alfabetização: “A noção piagetiana de tematização é essencial para compreender isto. Significa que algo que foi utilizado como um instrumento de pensamento pode converter-se em um objeto de pensamento, mudando ao mesmo tempo sua posição enquanto elemento do conhecimento”. (p. 14). No decorrer do texto a autora menciona alguns possíveis problemas cognitivos que podem ocorrer na trajetória da criança no período de alfabetização como, por exemplo “a relação entre o todo e as partes que o constituem”. Ferreira explica que no início do processo de aquisição da leitura e da escrita, a criança pode atribuir um mesmo significado tanto para todo o texto como, para as partes que o constitui. É importante, desde cedo, trabalharmos a organização de um texto com a criança mostrando á ela o espaço entre uma palavra e outra, por exemplo. Assim, ela começa a se familiarizar com grafemas e suas possíveis combinações e, a entender que para a construção de um texto utilizamos de um determinado contexto. “A falta de diferenciação entre as propriedades do todo e das partes constitutivas leva a criança a dizer que cada palavra escrita ‘diz’ uma oração completa”. A exemplo desta problemática temos uma criança, ainda não alfabetizada, “lendo” alguma produção escrita e, com o seu dedo apontando para uma palavra e dizendo que aquela representação gráfica quer dizer o que o todo do texto diz.

Nessa hierarquia de fases segue-se a fase de “variação interna” a qual diz que para algo ser “legível”, não é permitido que ocorra a repetição de grafias, ou seja, a criança não mais repete letras na construção de uma palavra. Além desse processo, a “quantidade mínima” para a produção escrita começa a valer e, a criança começa a relacionar quantidade de letras com a de objetos, ou seja: ( trago a seguir uma experiência ocorrida na turma de pré-escola, na qual estagiei).

Carrinho = kreru Boneco = aldo

Barbie flor do campo = aearma * eieav

Através deste exercício com as crianças pude observar que quanto maior fosse a pronúncia de uma palavra ou, quanto maior fosse o número de objetos, a tendência era de que as crianças aumentassem a quantidade de letras na construção das palavras. Pude fazer uma relação desse fato com a importância da lógica matemática dentro desse processo de aprendizagem da criança. Ela começa a compreender, mesmo que do jeitinho dela, a idéia de quantidade. Também é comentada pela autora a “hipótese do nome” que, defende a idéia de que a criança se baseia na figura para “ler” algo escrito. A autora diz que essa interpretação do que está escrito pode mudar sendo possível uma palavra ter diversos sentidos ( isso vai depender do nível de desenvolvimento cognitivo da criança).

Concluo dizendo que a cada tópico lido pude trazer á memória algum fato que muito me auxiliou no início de uma melhor compreensão das diversas fases existentes no processo de alfabetização infantil. Nós, como educadores (e educadores em formação), devemos nos manter sensíveis á cada evolução apresentada pelos nossos educandos, utilizando de tudo o que esses indivíduos trazem como conhecimento e, partindo daí para a construção e para o aprimoramento do seu saber.



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